A Faculdade de Economia e Administração da USP sediou nesta terça-feira uma reunião marcada por reflexões sobre o papel da universidade no Brasil. Entre os convidados, destacou-se a presença do Prof. Dr. Fernando Coelho, coordenador geral da Unicamp, que trouxe uma fala contundente sobre a necessidade de aproximar ainda mais a universidade pública da sociedade.
Em sua intervenção, Coelho destacou que a missão da universidade não pode se restringir à produção acadêmica para atender métricas internacionais de impacto. Segundo ele, é essencial escutar as demandas concretas da população e transformar esse diálogo em motor de pesquisa, ensino e extensão. “Precisamos aumentar o nosso grau de humildade e virar a universidade para a sociedade”, afirmou, lembrando que os desafios brasileiros em áreas como saneamento, saúde e desigualdade exigem soluções que partam da realidade nacional.
O coordenador recordou o papel desempenhado pelas universidades durante a pandemia de Covid-19, quando o conhecimento científico se voltou para responder à dor coletiva e, em tempo recorde, contribuiu para o desenvolvimento de vacinas que salvaram milhões de vidas. Para Coelho, esse alinhamento entre ciência e sociedade não deve ser episódico, mas uma prática constante.
O professor ressaltou ainda que a extensão universitária pode ser um elo privilegiado nesse processo. Experiências vividas na Unicamp mostraram que, ao atender demandas locais, pesquisadores descobrem novas questões que se convertem em teses, publicações e políticas públicas. “É um movimento inverso: a pesquisa nasce da comunidade e volta para a universidade, enriquecendo a formação e ampliando horizontes científicos”, observou.
Ao concluir sua fala, Coelho reforçou que a universidade pública tem uma responsabilidade social inescapável: contribuir para melhorar a qualidade de vida da população. Isso, no entanto, não significa abandonar a pesquisa básica ou a busca por excelência acadêmica, mas modular esforços para que o conhecimento produzido dialogue de forma mais direta com os problemas reais do país.
Acompanharam o coordenador geral da Unicamp a Profa. Dra. Priscila Rampazzo, assessora docente da CGU e Simone Cristina Ferreira, assessora de gabinete da CGU, além de representantes da CGU/Unicamp.
A reunião evidenciou um consenso: a universidade pública precisa ser, ao mesmo tempo, guardiã da ciência de qualidade e parceira ativa da sociedade. Uma instituição capaz de formar cidadãos críticos, gerar soluções e propor políticas que respondam às dores e esperanças do Brasil contemporâneo.